Cáceres
Este projeto busca abordar a cidade, enquanto discurso (ORLANDI, 2004), como um espaço de linguagem. Tem como objetivo central compreender o modo de funcionamento do discurso institucional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em relação ao tombamento do Clube Humaitá, localizado na cidade de Cáceres-MT.
Situado no centro histórico da cidade, o antigo clube foi tombado pelo Município de Cáceres e também recebeu tombamento estadual e federal. É, portanto, um marco arquitetônico estruturante do uso histórico do território e detentor de um protagonismo identitário para a região.
Como pesquisador colaborador, meu foco incide sobre a análise dos enunciados produzidos pelo IPHAN e outras instâncias envolvidas no processo de tombamento, investigando as condições de produção, os efeitos de sentido e as relações de poder que permeiam esses discursos. A pesquisa busca desvelar como o patrimônio cultural é representado e legitimado pelo discurso institucional, destacando as estratégias discursivas que articulam memória, identidade e preservação.
Por meio de conceitos como interdiscurso, formação discursiva e memória discursiva, o estudo pretende contribuir para uma reflexão sobre o discurso institucional na construção e manutenção do patrimônio cultural, bem como suas implicações simbólicas e sociais para a comunidade de Cáceres e para o país.
Cuiabá
Com o subprojeto "OLHARES SOBRE O PATRIMÔNIO: DISPUTAS DE SENTIDOS NO ESPAÇO URBANO", em fase de realização, trago para a discussão sobre o patrimônio a cidade de Cuiabá. Nesta proposta, buscarei compreender como o discurso urbano constrói efeitos de sentido sobre a preservação do patrimônio histórico e cultural nos centros históricos da capital.
Este estudo investiga os discursos que permeiam o processo de tombamento do Palácio da Instrução como patrimônio histórico e artístico estadual em 1983, por meio da Portaria nº 03/1983. A análise concentra-se nos enunciados presentes em documentos oficiais, registros históricos e materiais midiáticos da época, buscando compreender as condições de produção, os sentidos construídos e as relações de poder envolvidas nesse acontecimento discursivo - o encontro entre a memória e atualidade (Pêcheux, 2015).
São Paulo
Como o discurso sobre patrimônios históricos pode afetar a construção da memória coletiva?
Neste estudo, trabalharei com três exemplos do que foi denominado “Casas Bandeiristas” que, na cidade de São Paulo, referem-se a edificações históricas que estão ligadas à época dos bandeirantes. São elas:
- Casa do Bandeirante;
- Casa do Caxingui ou Sertanista;
- Casa do Sítio de Tatuapé.
As três casas em estudo foram construídas no século XVII, refletindo a arquitetura e a vida cotidiana da época, com elementos como telhados de duas águas, janelas com guarnições em madeira e paredes de taipa de pilão.
Buscarei observar as dinâmicas sociais em torno dos tombamentos, reconhecendo que a preservação é um processo vivo e em constante negociação. Minha análise discursiva focará em como as construções são descritas, quais aspectos dos seu valor histórico e cultural são enfatizados, mas também nas dinâmicas urbanas e nas questões sociais em torno do patrimônio histórico, com o intuito de compreender como ideologias moldam a valorização do patrimônio.